A CULPA

No sempre condenável fecho ou deslocação de empresas, neste caso fábricas, com o consequente e inevitável desemprego, há sempre alguém a querer aproveitar políticamente a desgraça. Vem isto a propósito do CDS/PP e do PSD terem vindo logo a terreiro pedir a comparência do Ministro da Economia no Parlamento por causa do anúncio do fecho de 2 das 3 fábricas que uma multinacional norte-americana tem no nosso País.
Então fazem esse pedido a que pretexto? As fábricas são estatais? Geridas pelo Governo? Todos os dias se fecham empresas e se abrem outras.
Desde quando é que um Ministro, tanto quanto se saiba, controla ou manda na iniciativa privada, seja nacional ou estrangeira?
Exemplifiquemos no absurdo: a administração do Sr. Carrapatoso, o do Compromisso, decidia fechar os escritórios da Vodafone em Portugal e deslocalizar os serviços para outro País. Ou que, por exemplo, a administração do Sr. Pires de Lima decidia encerrar uma das fábrica da Unicer e adquirir a cerveja em Espanha.
Agora no concreto: que o Sr. Sousa Cintra encerre mesmo a sua cervejeira em Santarém. Ou que os novos donos da Air Luxor , mal a adquiriram, tenham feito o que fizeram.
Que culpa é que um Governo, fosse ele qual fosse, teria desses actos de pura gestão administrativa e financeira de grupos privados?
Seria bem melhor esses Partidos, agora coadjuvados pelos Presidentes de Câmara de Nelas e de Portalegre, neste caso concreto, convocarem uma hiper-mega manifestação em frente da Embaixada dos Estados Unidos. Sim, porque o investimento é norte-americano e a polémica decisão também. Deveria ser ponto de honra para os empresários desse País criar empregos e prosperidade nos países onde se instalam, em vez de terem uma visão economicista que, com um simples gesto e sem quaisquer escrúpulos, promove o desemprego e o caos económico quando e onde bem lhes apetece.
Mas, para além da questionável gestão economicista, isto é também um problema de moral e de cultura. Inegávelmente.