20.7.08

MÁ OPÇÃO

Como não há 2 sem 3, optei ontem por assitir ao espectáculo da Mariza, integrado no Festival DeltaTejo no Alto da Ajuda.
Foi uma opção consciente, embora não goste do último disco dela, mas fui levado pela lembrança do espectacular concerto de há 2 anos, na Torre de Belém, com o Jacques Morelenbaun e a Sinfonietta de Lisboa, em que a Mariza nessa noite conseguiu aliar o Fado com uma outra sonorização, que lhe ficou muito bem, como se pode confirmar pelos registos sonoros efectuados. Nessa memorável noite, o Fado esteve lá.
Mas ontem senti-me defraudado. Para quem estava à espera de qualquer coisa de Fado (e devíamos ser muitos), só se vislumbrou o vestido que a artista envergava e a guitarra do seu acompanhante. Conotado com o Fado, só isso, Tudo o mais foi uma sequência de marchas e cantigas, misturadas com o bailado da artista, a apelar às palminhas do público sedento de festa, já embalado pela música antecedente e a aguardar pela brasileirada que viria a seguir.
Mesmo os "êxitos próprios da Mariza", ontem travestidos de uma nova roupagem musical, não soaram ao costume. Acho mesmo que a troca da guitarra mágica do Luís Guerreiro e da batida da viola do António Neto, por aqueles novos instrumentistas de ontem, também não ajudam muito ao cunho fadista a que Mariza nos habituou.
Até o famoso amaliano "Primavera" com que costuma encerrar os espectáculos estava tão diferente que nem se conseguiu sentir a letra do fado.
Foi uma noite em grande para a popularidade de Mariza, sem dúvida, mas muito murcha para o Fado e para toda a simbologia que ele encerra. Pelo andar da carruagem, ainda havemos de assistir ao Povo que Lavas no Rio cantado pela Mariza com o Fado Vitória acelerado e com a populaça a dançar e a bater palminhas. Em jeito da tal World Music a que Mariza, pelos vistos, está colada.

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