6.11.07

O DEBATE

Só quem quer confundir o essencial com o acessório é que pensa que isto é importante.
Tanta espectativa e muita publicidade para nada, pois já se sabia que o outro é mesmo fraco. Ainda se actuasse no Kremlin ou na Kapital...
Ao menos que os media dessem o devido destaque aos investimentos que vão ser aplicados na saúde oral e na prevenção do cancro do útero. De acordo com o ministro da saúde, vai passar dos 42 milhões de €uros.
Amanhã há mais.

7 comentários:

Anónimo disse...

O Governo promete para 2008 apoiar a saúde dos portugueses, porém teve o cuidado de escolher somente a procriação medicamente assistida, a inclusão da vacina contra o cancro do colo do útero no programa nacional de vacinação e a saúde oral dos jovens e dos idosos, aqueles que ainda tiverem dentes. Parece que os restantes cidadãos têm todos os dentes sãos e não precisam de cuidados de saúde oral.

É pouco! E o resto? o que é que vai fazer sobre:

1.º) as crescentes dificuldades em conseguir uma consulta num Centro de Saúde? Muitos doentes têm que ir de madrugada para os Centros de Saúde para obterem uma consulta e por vezes nem a conseguem obter.
2.º) a dificuldades em conseguir que os médicos de família mandem fazer os exames de rotina, incluindo aqueles em que na própria TV são aconselhados fazer-se regularmente. Até parece que os médicos estão sujeitos a cotas de exames que não podem ultrapassar e que por isso estão impedidos de os prescrever;
3.º) a dificuldade em se obter uma consulta de especialidade num Hospital público? Primeiro há que convencer o médico de família sobre a necessidade da consulta e depois da marcação há que esperar por vezes meses e anos pela tal consulta.
4.º) a comparticipação em medicamentos será que vai ser reduzida ou aumentada?
5.º) a reabertura dos Centros de Saúde, Serviços de Atendimento Nocturno, Hospitais e Maternidades que foram fechados por este Governo?
6.º) a substituição de médicos, enfermeiros e demais funcionários que se reformaram ou que abandonaram a Função Pública e que trabalhavam nesses Serviços Públicos? Espera-se aliás que muitos médicos venham a abandonar a F.P. face às regras que se lhes pretendem impor para o exercício público.
7.º) os Serviços continuados de saúde? os doentes são encaminhados para suas casas muito antes da sua recuperação e os Centros de Saúde têm cada vez menos enfermeiros para apoio no domicílio.
8.º) a Hospitais de Retaguarda para os doentes sem recuperação possível e que são entregues aos cuidados da família, que tem que trabalhar e por isso é obrigada a deixá-los abandonados durante todo o dia à sua sorte? O Estado português parte aliás do princípio de que os familiares: ou não trabalham ou podem pagar a alguém para cuidar do familiar doente e famílias nestas condições são a minoria.
9.º) Apoio aos jovens com dificuldades de aprendizagem e que necessitam de técnicos que estão a ser reduzidos?

Muito mais se poderia dizer sobre a área da saúde, onde até cabe os casos de pessoas com manifesta incapacidade para o trabalho que são obrigadas a trabalhar (como se tem visto na TV) ou a abandonarem livremente o trabalho sem qualquer reforma.

Quanto à incapacidade de Pedro Santana Lopes em conseguir rebater o discurso do Primeiro Ministro de 6/11/2007, não espanta porque nada poderia dizer, dado que o PSD não tem intenção de alterar o quer que seja às actuais políticas do Governo.

Zé da Burra o Alentejano

LRC disse...

Caro Zé da Burra,

Claro que não há Governos perfeitos e que manifestações de desagrado e de descontentamento contra as políticas de qualquer Governo, sempre houve e haverá, desde os tempos da ditadura, passando por quase todos da democracia, Vasco Gonçalves, Mário Soares, Cavaco Silva, Guterres e Durão Barroso. Nunca há ninguèm contente.

Lembra-se do estado em que se encontravam as finanças públicas quando Sócrates foi eleito com Maioria Absoluta? Se fosse para ficar tudo na mesma, para continuar a gestão despesista a coberto de política social, com benefícios só para alguns e sempre os mesmos, bastaria um qualquer Santana Lopes com um programa populista para gerir o "rectângulo".

Mas era (e é) preciso muito mais do que isso, contudo com os custos pesados e impopulares que daí advêm. O Rumo, umm novo Rumo, foi traçado e difícilmente sofrerá desvios.

Mas o Orçamento de Estado não é só "a saúde". Espere para ver.

Cordiais Saudações.

Anónimo disse...

Para avivar a memória :

"Entre 2002 e 2004, foram impostos aos Portugueses muito sacrifícios. Mas esses sacrifícios não trouxeram resultados. Mesmo com receitas extraordinárias, Portugal não saiu da situação de défice excessivo; e descontadas aquelas receitas o défice subiu bem acima dos 5%! Mas não foi apenas o défice a subir. Subiu a despesa pública; subiu a despesa primária; subiu a despesa corrente primária; subiu a dívida; e, ao mesmo tempo, a economia sofreu uma recessão em 2003 e ficou à beira de uma segunda recessão no primeiro trimestre de 2005!"

José Sócrates, no Debate do O.E.

Anónimo disse...

Quando ainda era estudante, foi-me ensinado pelos professores que as pessoas tinham que pagar impostos para o Estado, mas que, contrapartida, o Estado nos prestava diversos serviços públicos, a saber: Manter a soberania nacional, ordem e a Justiça. Construir Escolas, Hospitais (e mantê-los a funcionar) e Estradas, apoiar a saúde dos portugueses. Mais tarde, com o 25 de Abril, melhorou a saúde, porque se estenderam os cuidados de saúde até os não contribuintes. Porém, mesmo no anterior regime, todas as pessoas eram atendidas nos Hospitais e pagavam muito pouco ou nada, desde que tivessem um "atestado de pobreza" o que era facilmente conseguido nas Juntas de Freguesias no mesmo dia ou no seguinte. As consultas nos Hospitais também eram marcadas para o próprio dia ou para poucos dias depois. Agora é como se sabe...

Neste momento, o Estado Português está a entregar todos os serviços públicos a empresas privadas e esses serviços vão ser obviamente pagos à parte em acumulação com o que já pagamos por via dos impostos. O Serviço Nacional de Saúde, criado no pós 25 de Abril, está a ser desmontado. A prova é o fecho de Centros de Saúde, SAPs, Hospitais, Maternidades, etc..., e fomenta-se, em contrapartida, a subscrição de Seguros de Saúde.

Zé da Burra...

Anónimo disse...

Lembro também que no anterior regime os Municípios tinham todos o seu Hospital Concelhio, para atender aos casos mais simples ou urgentes.
Depois do 25 de Abril abriram-se os Centros de Saúde e já à alguns anos foram fechando os Hospitais Concelhios, por não terem condições. Porém, agora, para já, fecham-se também alguns Centros de Saúde e aquelas populações ficam pior do que estavam antes do 25 de Abrir, porque FICAM SEM NADA.

Zé da Burra...

Anónimo disse...

Cordiais saudações!
Zé da Burra...

Anónimo disse...

Em adenda:

Quando disse que no antigo regime não era difícil conseguir-se um "atestado de pobreza" não me refiro a quem tinha um rendimento abaixo do "ordenado mínimo" que não havia. Refiro-me à população em geral: lembro-me da minha mãe que, nessa altura, ainda viva, fez uma operação em Lisboa, não obstante ser de uma família de pequenos proprietários.

Agora as ajudas concentram-se quase todas para quem tem rendimento abaixo do "ordenado mínimo". Exemplo: as ajudas aos tratamentos de estomatologia, agora divulgado e destinados aos idosos nem são para todos. São só para os que tiverem um rendimento abaixo de 309 euros.

Cada vez mais se incentiva mais a irresponsabilidade e a indigência, porque o que mais resulta é ter muitos filhos e não trabalhar!

- Irresponsabilidade: porque qualquer pessoa responsável quer para os seus filhos o melhor e não vai tê-los se não lhes puder dar uma educação capaz e uma vida mínimamente condigna. Por isso, a classe média tem hoje apenas um ou dois filhos, no máximo, e são esses que pagam para o país funcionar. Muitas vezes bem gostariam de ter três ou quatro;

- Indigência: porque ao se não dar valor ao trabalho está-se a promover o desleixo e o "deixa andar", procurando é obter uma pensão ou "rendimento mínimo", de preferência à sombra de três ou quatro filhos que possa ter. Não importa pensar qual será o futuro dessas crianças (e depois adultos), o que interessa é receber as ajudas máximas.

Saudações!

Zé da Burra...